domingo, 24 de março de 2013

Contracultura


A contracultura foi um movimento sócio cultural da década de 1960 que se espalhou para o mundo mobilizando e contestando a cultura estabelecida. O movimento incluiu protestos contra a guerra canalizando os pensamentos organizados; a experiência com as drogas que buscou a expansão da consciência abrindo as portas da percepção (grande uso de LSD e maconha); a questão sexual foi encarada como uma experiência sem preconceitos e de pura experimentação; enquanto seguia-se a busca de respostas no estudo do existencialismo altamente influenciada pelas filosofias do oriente.


A cidade de San Francisco também tinha uma tradição de ativismo político, estudantes locais, reagindo à repressão de sua liberdade de expressão promoveram amplas manifestações e greves dentro dos campus. Esse ativismo político estudantil serviu de base para as atividades políticas e culturais de Bay Área nos anos 60. O cenário musical de San Francisco adotou salões antigos para os shows onde a comunidade participasse e vibrasse em sintonia dentro dos rituais psicodélicos. Através de cartazes multicoloridos, estilizados e extraordinariamente detalhados os shows eram divulgados e arrastavam multidões que dançavam de mãos dadas em formas livres de improvisação e auto-expressão.

                                                                             San Francisco Haight-Ashbury (Hippie invasion)


A banda Grateful Dead Dead foi o principal responsável por explorar o território da improvisação se utilizando de jams improvisadas e longas transições musicais entre suas canções (território até então dos músicos de Jazz). Outra banda que fez sucesso foi o Big Brother and the Holding Company com sua vocalista principal Janis Joplin que não tinha papas na língua, quando bebia e cantava suas músicas num estilo gritado e rouco tornando-se uma das melhores cantoras brancas de blues da época. Após as atividades culturais da região começaram a ser divulgadas nacionalmente pela mídia o primeiro festival nacional de Rock (Monterey Pop) intercalou durante três dias artistas famosos e desconhecidos para uma multidão de duzentas mil pessoas. Posteriormente os valores transmitidos pela contracultura de integridade e idealismo humanitários foram ultrapassados nos anos 70 onde as letras se desviaram da crítica social para temas menos políticos como sexo, drogas e Rock And Roll

                                                                                              Janis Joplin

Hoje faremos diferente, postarei abaixo um belo documentário produzido pelo History Channel que vai muito além do texto escrito acima, assistam!


OBS: Tudo que está escrito aqui é um hiper resumo e convém buscar por conta própria muitíssimas outras informações a respeito de cada parágrafo. Formular e responder questões, aprofundar o assunto, ir até as fontes e ampliar o conteúdo lido; é impossível abarcar todas as relações entre os fatos que aconteceram num blog, e aliás, o que mais sinceramente me interessa é que a partir disso vocês busquem e construam cada um a sua versão da história do Rock. Pedra que rola não cria limo!


                                                                                   Edinei Fábio de Vale (Funxo)

sábado, 23 de março de 2013

Soul Music



          Foi chamada de Soul Music a composição baseada no R&B do final dos anos 50, com a emoção dos vocais do Gospel, contrabaixo sincopado e letras retratando a experiência de vida afro-americana nos anos 60 (romance, desilusão, amor, luxúria, orgulho, sofrimento e luta). Nascida permeada pela tradição religiosa do sul dos EUA foi adotada pela comunidade (negra) como um símbolo do orgulho negro e consciência racial.

                                       Comunidade africana dançando

Ray Charles gravou em 1954 um novo estilo de vocalização dentro do R&B, em meados da década de 60 esse estilo gritado o levou a ser saudado como o “gênio do soul” alcançando ampla aceitação comercial. Enquanto isso, James Brown empolgava a platéia com sua voz rouca e seus movimentos acrobáticos no palco. Seus movimentos tão comuns entre os membros da igreja batista pentecostal e com raízes africanas eram copiados por muitos outros artistas como Michael Jackson e Mick Jagger. Já Aretha Franklin que foi coroada como a rainha do soul possuía a herança Gospel adquirida na mais tenra idade e, combinava vocalizações explosivas, passionais, e sublimes com acompanhamento de piano (base para seu estilo). A Soul Music não conseguiu competir com os artistas da Motown e a invasão inglesa ficando relegado a uma categoria de pessoas de segunda classe. Para muitos foi um estilo unificador e foi interpretado como uma expressão artística honesta e autentica da estética cultural e musical negra.

                                       James Brown dançando (qualquer semelhança com Dave Lee Roth não é mera coincidência)

A gravadora Motown foi o lado B da Soul Music e veio do norte (Detroit). Dirigida pelo empresário Berry Gordy Jr. a Motown ficou conhecida pelo seu próprio som, além de estabelecer ligação com a comunidade negra local e lapidar seu produto final para que fosse apresentado à América branca. A habilidade de combinar saborosamente ingredientes musicais em um som coeso, agradável e com êxito comercial foi a grande jogada da gravadora. A banda de estúdio foi apelidada de Funk Brothers sendo a essência do som da gravadora. A bateria (Benny Benjamin) criou uma base rítmica relativamente simples e ganhou o rótulo de precussor do “groove”. James Jamerson no baixo foi reconhecido por ampliar o papel do baixo na música popular através de execuções mais complexas e sincopadas.  

                                         The Jacksons: Marlon, Tito, Michael, Jackie and Randy       

Parte da genialidade também estava na maneira que os instrumentos eram combinados, percebendo que suas músicas eram tocadas em rádios que produziam um som ruim a Motown trabalhou para sua musica superar essas limitações, enquanto certos elementos da música eram enfatizados outros eram empurrados para o fundo. No final dos anos 60 as letras também incluíram nas temáticas a dificuldade de se viver na classe baixa, as guitarras incorporavam o wah wah e o baixo já era sincopado ao estilo funk (som que influenciaria muitos músicos na década de 70). Entre seu elenco de músicos estiveram as Marvelettes, Mary Wells, e o Miracles com seu líder Smokey Robinson, Marvin Gaye, Os Jacksons, e obviamente Michael Jackson. De 1964 a 1971 a Motown se tornou a trilha sonora de muitos adolescentes, influenciou muitos artistas da década de 60 e 70 e atingiu ampla camada da América jovem e branca onde alcançando grande sucesso comercial.

Segue alguns vídeos dos artistas citados.






OBS: Tudo que está escrito aqui é um hiper resumo e convém buscar por conta própria muitíssimas outras informações a respeito de cada parágrafo. Formular e responder questões, aprofundar o assunto, ir até as fontes e ampliar o conteúdo lido; é impossível abarcar todas as relações entre os fatos que aconteceram num blog, e aliás, o que mais sinceramente me interessa é que a partir disso vocês busquem e construam cada um a sua versão da história do Rock. Pedra que rola não cria limo!


                                                                                   Edinei Fábio de Vale (Funxo)

quinta-feira, 21 de março de 2013

Folk Rock


No início da década de 1950 um desconhecido escrevia seus primeiros poemas e também aprendia a tocar piano e guitarra sozinho, Robert Allen Zimmerman também conhecido como Bob Dylan entra em cena com a música Folk influenciado pelas canções de protesto do músico Woody Guthrie. As questões levantadas nas músicas desafiaram os ouvintes a tirar suas próprias conclusões, e essa habilidade de apresentar assuntos com raízes políticas e pessoais de modo que fosse criativo e abstrato acabou sendo a maior contribuição de Dylan a música Folk, e posteriormente ao RockNo início dos anos 60 a venda de violão disparou à medida que o Folk soava pelas ruas ou em clubes e cafeterias. Alguns foram atraídos pela facilidade de acesso outros atraídos pela sua herança sociopolítica, o fato é que, o Folk preencheu um espaço deixado pelo Rock clássico (A questão política nas letras) enquanto a invasão inglesa se aproximava.

                                                                                 Bob Dylan (1960)

Em 1965 Dylan dá uma guinada em outra direção ao adicionar uma banda de Rock And Roll para o embalo de suas letras conscientes, obviamente a partir daí, baseado em suas próprias raízes “eletrificou-se” progredindo naturalmente para o novo gênero batizado de Folk Rock. Dylan contribuiu fundindo sua herança do folk/protesto com seu estilo abstrato de cantar e por conseqüência, influenciando a forma e conteúdo da música Folk e o Rock dos anos 60.

                                                                                        Bob Dylan (1967)

 Na cidade de Los Angeles o Folk elétrico encontrou uma cultura jovem, branca, que venerava a liberdade individual, carros, praias e o sexo oposto. Essa eletrificação despertou o espírito do Rock em muitos músicos Folk gerando bandas como The Birds, Buffalo Springfield, a Poco, Crosby, Stills and Nash e Neil Young (CSNY) e mais tarde os cowboys de Los Angeles, The Eagles. 

                                                                                              The Eagles

Os Beatles foram influenciados grandemente por Bob Dylan o qual além de lhes apresentar a maconha influenciou-os a refletir sobre as letras compostas, incentivando sempre numa direção mais poética e questionando o sentido sério das músicas que tocavam na rádio. O Folk Rock ao estilo Byrds/Buffalo deixou seu legado com efeitos estilísticos (modo de solar guitarra, harmonias, letras pretensiosas) exercendo grande impacto entre músicos e fãs dos anos 60. 

Ler sem ouvir pra entender de nada adianta:




OBS: Tudo que está escrito aqui é um hiper resumo e convém buscar por conta própria muitíssimas outras informações a respeito de cada parágrafo. Formular e responder questões, aprofundar o assunto, ir até as fontes e ampliar o conteúdo lido; é impossível abarcar todas as relações entre os fatos que aconteceram num blog, e aliás, o que mais sinceramente me interessa é que a partir disso vocês busquem e construam cada um a sua versão da história do Rock. Pedra que rola não cria limo!


                                                                                   Edinei Fábio de Vale (Funxo)

terça-feira, 19 de março de 2013

A invasão britânica: The Who


Não, definitivamente não, quebrar os instrumentos em público nunca foi uma invenção da banda grunge Nirvana, aliás, se Kurt Kobain nasceu em 67 e Pete Townshend quebrou sua primeira guitarra em setembro de 64 o Kurt nem ficou sabendo direito como foi o caso, com sorte assistiu por volta dos anos 70 e la vai fumaça mas o que interessa é que:
O The Who sempre foi considerado um dos mais vibrantes e divertidos grupos de Rock de todos os tempos através de suas proezas atléticas, cargas explosivas e energia frenética. Dos grupos da invasão inglesa o Who enfrentava mais direta e reflexivamente as questões políticas e filosóficas repensando as preocupações sociais e veiculando idéias.       Além de sua competência musical o Who desenvolveu o formato power trio (uma guitarra, bateria e baixo) muito antes do Cream, Jimmi Hendrix ou outros (ainda que mantendo um vocalista como quarto integrante da banda) incluindo também o desenvolvimento do formato Opera Rock. A fúria rebelde de seu hino adolescente My Generation foi o embrião do Hard Rock dos anos 70 (e do Punk) incluindo acordes poderosos na guitarra, uma bateria vigorosa, um vocalista agressivo, todos obviamente em volumes altíssimos.

                                                                                                  The Who

Por volta de 1964 eles se apresentavam regularmente num estabelecimento chamado Railway Tavern quando o guitarrista Pete bateu a guitarra no teto e acabou quebrando o braço sem querer, o público não deu muita bola para o incidente e então ele despedaçou a guitarra pelo palco. Na semana seguinte os fãs chegaram esperando outro espetáculo de quebra de guitarra mas desta vez, foi o baterista dessa vez deu seu show.  O sucesso ascendente da banda coincidia com o ritmo acelerado dos membros da banda que eram usuários de anfetaminas, álcool, maconha e haxixe e LSD, então não era surpresa que os shows do Who fossem descritos como altas doses de energia pura. Enquanto baixo e guitarra tocam juntos e o vocalista berra as letras, a bateria é uma montanha russa que termina num frenesi de batidas e microfonias de guitarra. Esse é o clima de My Generation, um Hard Rock vanguarda de seu tempo.

                                                               The Who (Monterey Pop Festival 1967)

Além do sucesso o Who também foi influenciado pela cultura oriental onde o guitarrista Pete esboçou um roteiro baseado na responsabilidade moral individual que contava a história do jovem Tommy. Contada na música a história com um tema atual se assemelhava muito à forma da ópera e continha em suas entranhas uma forte conexão com as raízes da teosofia espiritual, Tommy levou a banda ao topo da classe artística sendo apresentado em muitas casas de ópera da Europa. Posteriormente o Who lançou outros trabalhos transformando a cara do Rock onde a bateria já não marcava apenas os tempos, o baixo foi além da base rítmica e harmônica e a guitarra transformou-se tanto em solo quanto rítmica. O Compositor Pete Townshend compôs sobre o mais amplo espectro de temas seja sobre Rock puro e simples ou, para fazer um comentário reflexivo, filosófico e sofisticado sobre a condição humana. Tudo isso tinha como pano de fundo volume altíssimo e muita energia.

                                                                                  The Who - Tommy

Como de costume, segue os links de videos com o Who em ação, muita ação:



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                                                                                   Edinei Fábio de Vale (Funxo)



domingo, 17 de março de 2013

A invasão britânica continua: The Rolling Stones


       Se existe o bem e o mal estamos bem servidos, enquanto os Beatles de terno se apresentavam como bons garotos os Rolling Stones eram aquele tipo de banda a qual sua filha nunca deveria ir num show. Rock e pancadaria andaram juntos por um bom tempo, pelo menos quando se falava dos Stones, bom ou não, o fato é que eles entraram pra história com essa mistura literalmente sangrenta e, hoje, 17.03.13 a banda tem mais de meio século de estrada, descubramos como tudo isso aconteceu.
                                                                           The Rolling Stones (década de 1960)

          No início da década de 60 os Rolling Stones estavam captando a agressividade e a crueza da música negra no Blues britânico eles vendiam música e sexo, emoção bruta e rebeldia sexual. Os shows eram no mínimo complicados, aonde quer que fossem o público era compelido a se expressar fisicamente indo de invasões ao palco, murros na cara, beijos e cadeiras atiradas ao palco. O estilo vocal de Jagger e suas performances inspiradas em música negra reforçavam a reação, ele balbuciava, resmungava e berrava sua libertação fazendo beicinho e dançando por todo o palco lembrando que o físico poderia ser interpretado como sexo, e sexo significava normalmente, rebeldia.

                                                                    The Rolling Stones (Altamont - Califórnia - saldo: 4 mortos)

            Suas letras ficavam nos parâmetros românticos normais e algumas usavam de temas como tristeza, depressão ou crítica, e ao fim da década de 60 suas temáticas estavam impregnadas de raiva, violência, referências sangrentas, assassinatos, invasões e estupro. A música Sympathy for de Devil prestava uma homenagem ao demônio cantada em primeira pessoa reforçando a imagem já negativa da banda que foi retratada como satanista. 

                                                                                               The Rolling Stones

        Os Stones apresentaram vários elementos aos fãs da música negra como o comportamento sexual, agressividade e crueldade além de Mick Jagger reproduzir muitos atributos como a pronúncia arrastada e emocional do Blues, o vocal agressivo e sua presença sensual no palco. A guitarra de Keith intercalava ritmos e frases inspiradas no Rock clássico e no Blues. Enquanto a revolução sexual dos anos 60 se espalhou, Mick despido da cintura pra cima era uma visão andrógina que sugeria ao público gratificação sexual imediata. Os Stones criaram a mais bem sucedida fusão artística (e comercial) do R&B, Blues e Rock And Roll da década de 1960.

                                                                                                                      The Rolling Stones (2013)

Abaixo, um ótimo video que define bem o que eram e o que representavam os Stones socialmente falando e dispensa outros mais.


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                                                                                   Edinei Fábio de Vale (Funxo)

sábado, 16 de março de 2013

A invasão britânica, The Beatles: O Rock ressucitou!


        Todos nós sabemos o peso que a banda The Beatles tem na história do rock, e também, sabemos que poderíamos ficar postando inúmeros textos sobre tais feitos, porém, por motivos óbvios, serão três parágrafos abordando de forma resumidíssima as principais fases da banda e apontando por fim, quais foram as suas principais contribuições para o rock. Evita-se assim, explanações demasiadamente demoradas e cansativas em prol de um texto denso, abrangente e diretíssimo; vale a pena relembrar que todos os textos são somente uma tentativa de enumerar as contribuições de cada banda para o cenário rock, comentários e reflexões são sempre muitíssimo bem vindas!
                                  The Beatles - The Cavern Club (Liverpool)

      Do outro lado do oceano Atlântico os integrantes dos Beatles nasciam durante a Segunda Guerra Mundial; ouvindo discos americanos de rock da década de 1950 esses quatro jovens ingleses de cabelo até os ombros levantariam novas questões culturais e políticas através da música. Eles reestruturaram as relações dos artistas com gravadoras e, aliados a explosão das tecnologias de comunicação e marketing transmitiram suas mensagens a um número de pessoas que nenhum outro artista antes havia conseguido. Além disso, se beneficiaram de um bom momento tecnológico,  uma boa equipe e talento fundindo uma visão adolescente do amor com extrema habilidade para manejar letras, tudo isso, usando um formato de banda estilo guitarras/baixo/bateria (de Buddy Holly), estilo de tocar guitarra baseado em Chuck Berry, influências vocais de Little Richard (R&B com Gospel em falsete) e Everly Brothers (uso de harmonias), adicionaram por fim solos de guitarra (de George Harrison) misturando Rockabilly e rock clássico (rock da década de 1950)  influenciados também por Carl Perkins e Scotty Moore.
                                                                                          The Beatles (Liverpool)

            Por volta da metade da década de 1960 os Beatles também incluíam na instrumentação piano, flauta, fuzz, cítara, trompa e cordas seguindo uma expansão contínua das fronteiras do Rock And Roll (o que tornou suas apresentações ao vivo cada vez mais difíceis). Novidades sonoras também apareciam nos álbuns dos Beatles como feedback, sons de arranhado e de tosse (música concreta), efeito de fitas tocadas de trás para frente e harmonias que se distanciavam cada vez mais da progressão I IV V do blues. Suas letras também embarcaram nas culturas alternativas onde tanto os americanos como ingleses buscavam uma análise filosófica e política do “status quo” sugerindo também muitas mudanças sociais. A partir de então, os Beatles incluíram uma consciência quimicamente expandida (com o uso da maconha) e seguindo os conselhos de Bob Dylan começaram a dar mais importância para as letras que adquiriram um formato psicofilosófico. O rock a partir desse momento tinha adquirido uma dimensão “séria” e os Beatles ficaram na frente dessa nova corrente musical.
                                                                                                  The Beatles (1965)

            Por fim, o uso da tecnologia disponível na época fez a banda se posicionar a frente dos seus contemporâneos dando aos Beatles o título de banda que mais contribuiu para o amadurecimento do Rock. Toda a indústria musical foi reestruturada onde o álbum substituiu o single, havia artistas, compositores, produtores, homens de negócios. Os artistas barganhavam melhor na mesa de negociações dos royalties e no final dos anos 60 a venda de discos ultrapassava qualquer outra área de entretenimento. Pode-se afirmar que os Beatles utilizaram o rock clássico como base e abriram um caminho de expansão de fronteiras, permitiram que o Rock fosse discutido como forma de arte além de levaram suas mensagens aos cinco continentes.
                                                                               The Beatles (fim da década de 60)
              

Em ação em diferentes momentos dos anos 60:





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                                                                                   Edinei Fábio de Vale (Funxo)

sexta-feira, 15 de março de 2013

A primeira morte do Rock and Roll


Pela sociedade americana o rock era visto como uma moda passageira, com o tempo o próprio rei Elvis abdicou o trono e embarcou para servir ao exército, Chuck Berry foi preso por atravessar uma fronteira com uma prostituta menor de idade, Buddy Holly morreu em um acidente de avião, Jerry Lee Lewis teve sua carreira arruinada ao se casar com sua prima de 13 anos e por fim, Little Richard ouviu segundo ele "o chamado de Deus" e virou pastor. 
Líderes religiosos, órgãos oficiais e outros conseguiram praticamente liquidar Rock And Roll no final da década de 1950, o resultado no fim da década não podia ser outro, um Rock And Roll artificial com pouco ritmo, arranjos mais doces, alguma mensagem romântica e na maioria das vezes, homens bonitos e elegantes. Enquanto isso artistas tradicionalistas da música Folk como Joan Baez, Kingston Trio, Peter Paul and Mary e o então desconhecido Bob Dylan excursionavam pelas universidades com violões e banjos cantando em favor do protesto.
                                                                                                    Bob Dylan

Já na Costa Oeste o sol, areia e um estilo de vida suburbano se refletiram na Surf Music uma época com guitarras ao estilo Rock And Roll clássico completadas com batidas vigorosas, uma visão de mundo branca, suburbana, machista e rica onde as únicas preocupações eram garotas, carros e surf,  as principais bandas que representaram o estilo foram: Dick Dale and the Deltones, Jan e Dean e por fim, os The Beach Boys. O que sobrou desta época calma para o rock foram técnicas de gravação desenvolvidas, canções de grandes compositores, a Soul Music, a gravadora Motown e os artistas Folk, mas, do outro lado do oceano coisas aconteciam, e este é o assunto dos próximos posts.
                                                                                       The Beach Boys

Abaixo 4 exemplos da sonoridade da época produzida por esses artistas:






quinta-feira, 14 de março de 2013

A segunda geração


Por volta de 1955 músicos jovens, brancos, naturais do sul e com raízes no Country foram influenciados pela primeira geração de rockers, cada um à sua maneira, foi adaptando as influências recebidas ao seu estilo de cantar e tocar, e após levarem as guitarras para o primeiro plano explodiram no cenário musical com enormes recompensas financeiras.
            Elvis Presley vindo do Mississipi após cantar That’s All Right (Mama) criou uma síntese entre o Blues e o Country dando origem ao um estilo chamado Rockabilly. As apresentações de Elvis impulsionavam sua carreira onde os fãs ficavam enlouquecidos com seu estilo de cantar e dançar. Elvis também fez muitas aparições na TV onde também estrelou quatro filmes antes de ir para o exército em 1958. Em seu legado deixou uma habilidade única de fundir elementos da música negra e branca usando de suas apresentações libidinosas para arrebatar o público adolescente. Em sua primeira fase (Rockabilly) gravou, se apresentou e teve suas canções tocadas na rádio; na sua segunda fase (Rock And Roll) usou de divulgação no rádio, televisão, livros, filmes e alcançou o mercado nacional solidificando o Rock And Roll como um estilo de música popular.
                                                                                               Elvis Presley

Jerry Lee Lewis também deu sua contribuição ao rock partindo do sul dos EUA para Memphis onde se tornou um artista de sucesso pela Sun Records com suas influências da música Country, Gospel e Blues. Em 1957 com a música Greats Balls of Fire chegou ao topo e acabou caindo gradativamente após a imprensa britânica revelar que sua noiva além de ter menos que quatorze anos, era sua prima. Com a turnê cancelada e de volta para seu país não conseguiu mais alcançar o topo fazendo apenas apresentações de música Country. Lewis era capaz de uma intensidade musical inacreditável tornando seu show eletrizante. Vocais expressivos, golpes (com qualquer parte do corpo) no piano e suas letras sensuais fizeram dele um exemplo de rebelde para uma geração inteira de adolescentes.
                                                                                          Jerry Lee Lewis

            Buddy Holly encontrou seu espaço no estado do Novo México onde fundiu: o estilo romântico, guitarra estilo Country e harmonias vocais com, o “backbeat” das raízes negras, com a espontaneidade do Rockabilly. Também foi o maior cronista dos amores juvenis, valorizando os recursos tecnológicos como gravação em vários canais e também, popularizou um modelo de guitarra produzida pela Fender batizado de modelo Stratocaster, vale enfatizar que esse modelo se mantém no mercado até os dias atuais como um dos modelos mais vendidos.
                                                                                                        Buddy Holly

No fim da década o grupo de artistas negros fazendo Blues e R&B deu lugar aos artistas brancos tocando uma fusão de Rockabilly, rock clássico primitivo e R&B. Se os primeiros não usavam muito da censura e falavam de rebeldia e sexo, os segundos cantavam o amor e a rejeição. Se a primeira geração moldou a forma e forçou a entrada dessa fusão de estilos nas paradas musicas, a segunda organizou, reestruturou e vendeu para a os quatro cantos da América o recém nascido Rock and Roll.

Vejamos na íntegra cada um deles:





domingo, 10 de março de 2013

A primeira geração de rockers


       Domingão de chuva e a caravana Rock and Roll segue. Hoje é um post especial, listamos de fato os primeiros rockers da história, com Fats Domino, Bill Haley, Chuck Berry e Little Richard dão o ar da graça e são os maiores responsáveis por solidificar as bases do estilo nascente, mas antes é útil compreender por que o rock foi motivo de tanto sucesso.
Após a Segunda Guerra Mundial pela primeira vez os jovens norte-americanos não precisavam trabalhar e bem pelo contrário ganhavam uma “ajuda de custos”, que foi o alvo de empresários preocupados em preencher essa lacuna com itens básicos, esses itens variavam entre roupas, cosméticos, alimentos,  carros e música. A indústria infelizmente só foi capaz de produzir uma “parada de sucessos” banal e carente de identificação com o cotidiano dos jovens.
            Pequenas estações de rádio negras que tocavam R&B atraíram o público adolescente branco. Neste espaço Alan Freed um Disk Jockey (DJ) comandava um programa de R&B entitulado “Alan Freed’s Moon Dog Rock and Roll House Party” e foi o responsável por popularizar o nome do nascente estilo. O Rock And Roll nada mais era do que uma mistura de R&B, Blues, Country E Gospel onde seus ouvintes reagiam movendo seus corpos enquanto as letras contavam histórias adolescentes sobre amor, danças, escola, música e sexo. Muitos desses jovens enxergaram no rock uma expressão de rebeldia e uma inquietude crescente contra o sistema rígido e conservador. Através da mistura surgiram duas gerações de roqueiros: a primeira conteve negros famosos antes de 1956 – com Fats Domino, Bill Haley, Chuck Berry e Little Richard; e a segunda, um grupo branco liderados por Elvis que foram mais longe no sucesso comercial.
Fats Domino era um artista R&B de Nova Orleans e aprendeu desde os nove anos de idade a tocar piano e que em meados de 1959 subiu nas paradas de sucesso com uma banda formada por bateria, piano, guitarra, saxofone. Sua mistura musical incluía um vocal com sotaque o qual dava além de tudo sua personalidade alegre ao Rock e grande vigor devido ao seu estilo Boogie Woogie.
                                                                                             Fats Domino
Já Bill Haley compactuava da mesma cor de pele de seus fãs e criou uma colagem de música rápida, bem ritmada e muito dançante cantando o modo de vida dos adolescentes dos anos 50. Halley com sete anos de idade aprendeu a tocar violão sozinho e além de excursionar com uma banda de C&W trabalhou como DJ, locutor esportivo e apresentador de seu próprio programa de música ao vivo. Em suas visões de sucesso misturou o Country com o R&B assegurando seu lugar de sucesso principalmente com a decisão de utilizar a música Rock Around the Clock como música de fundo dos créditos de abertura do filme de 1955 Sementes da Violência. Os adolescentes tinham agora um hino do Rock e Bill Haley era o primeiro astro branco, mas a América ainda estava atrás do ídolo perfeito e o gordinho meio careca de vinte e oito anos não servia para o papel.
                                                                                   Bill Haley
            Little Richard fez sucesso com seu singular desempenho no palco, seu estilo de cantar altamente emotivo e com gritos de falsete levaram sua música ao sucesso. Richard influenciou com sua performance e voz emocionada toda uma geração de roqueiros dos anos 60 sem contar, na sua personalidade andrógina que iria refletir futuramente em Mick Jagger, David Bowie, Jimi Hendrix e outros.
                                                                                                     Little Richard
Chuck Berry aclamado como pai do Rock And Roll antes de tudo foi cantor no coro da Igreja Batista e ao longo de sua adolescência foi inundado por vários estilos musicais devido à localização geográfica de St. Louis sua cidade natal. Além de ser autodidata desenvolveu o estilo de tocar guitarra da época fundindo elementos do Blues e do Country. A ascensão ao sucesso é marcada por controvérsias, porém, o jovem de 30 anos falava aos adolescentes como ninguém e suas performances (como o andar de pato) foram copiadas por inúmeros guitarristas de Rock, infelizmente problemas com a lei o tiraram de cena por um tempo e quando tentou voltar, não obteve o sucesso de outrora. A sua importância para o desenvolvimento da técnica da guitarra elétrica dentro do Rock foi da mais alta relevância, Chuck criou as primeiras frases de guitarra no estilo, levou o instrumento ao centro das atenções e influenciou a próxima geração de guitarristas de forma tal que até hoje, é considerado o “pai da guitarra elétrica”.
                                                                                    Chuck Berry

Abaixo seguem os links exemplificando cada parágrafo acima, nada adianta ler sem ouvir.






OBS: Tudo que está escrito aqui é um hiper resumo e convém buscar por conta própria muitíssimas outras informações a respeito de cada parágrafo. Formular e responder questões, aprofundar o assunto, ir até as fontes e ampliar o conteúdo lido; é impossível abarcar todas as relações entre os fatos que aconteceram num blog, e aliás, o que mais sinceramente me interessa é que a partir disso vocês busquem e construam cada um a sua versão da história do Rock. Pedra que rola não cria limo!


                                                                                     Edinei Fábio de Vale (Funxo)

sábado, 9 de março de 2013

Os elementos que formaram o Rock (parte 2)


Hoje, sábado de chuva faremos uma viagem sobre os dormentes do Boogie Woogie, iremos até os Alpes suíços ouvir o “iodeley” e desceremos novamente para a África incorporando seus rituais hereges de vudu em prol do Rock and Roll. Tomem seus lugares (e fones de ouvido, obviamente).

 No Country foi Jimmie Rodgers que assimilou o “yodel” dos alpes suíços e escreveu suas baladas fazendo uma síntese entre Folk e Rural Blues dando origem ao rótulo Country and Western (C&W). A Carter Family gravou tradicionais baladas anglo saxãs, hinos e outras melodias eclesiásticas com acompanhamento de violão e harpa, essa música interiorana e considerada caipira foi batizada de Hillbilly.
            No final dos anos 40 no oeste dos Estados Unidos, Bob Wills and his Texas Playboys criaram um conjunto cuja formação básica era: rabeca, guitarra elétrica, baixo, bateria, steel guitar, piano e sax tenor; ao mesmo tempo Hank Williams cantava todas as experiências e emoções do cotidiano das pessoas comuns incluindo relatos sobre amores perdidos, infidelidade sexual e bebedeiras. No início da década de 1950 alguns jovens inspirados por Williams incorporaram “a batida” na autêntica música Country dando origem ao Rockabilly - uma síntese entre O Country, Blues e R&B com violão, guitarra, baixo, bateria e voz – e estava pronto mais um elemento que formaria o Rock.
            O Gospel teve início por volta de 1800 onde negros já cantavam hinos protestantes europeus a seu modo – incluindo a blue note – e transformando esses hinos brancos em canções religiosas negras. Essas canções foram chamadas de “Palavra de Deus” ou em inglês, “Godspeel” que por uma deturpação acabaram sendo chamadas de Gospel. Além de serem acompanhadas de piano ou órgão nas igrejas muitas vezes alguém cantava solo ou usava o esquema de chamada e resposta onde a congregação respondia. Eram frequentemente incorporados nesses cultos de adoração ao Senhor gritos e gestos exaltados com raízes nos rituais de vudu e também com um inglês denominado “black english”.
            A influência jazzística se deu pelo estilo chamado Boogie Woogie. Derivado do Ragtime, o Boogie Woogie foi o estilo que mais contribuiu diretamente com o Rock. Um estilo simplificado, virtuosístico e cheio de espaços para improvisação seu nome vem de “bogey” que quer dizer espírito e, “woogie” que são os dormentes que unem os trilhos de uma ferrovia – representados musicalmente pela marcação furiosa em semínimas que lembra muito o barulho de um trem.
            Seu maior representante e aspirante a rei do Rock foi Fats Domino, um pianista de New Orleans que iniciou seus estudos aos nove anos de idade com seu tio guitarrista de Jazz. Apesar de ser considerado um artista de R&B seu estilo de tocar piano foi influenciado por músicos como Meade Lux Lewis, Albert Ammons e Pete Johnson. Seu estilo de tocar influenciou toda uma geração de pianistas do Rock And Roll com seu jeito alegre e vigoroso de tocar piano.

Abaixo seguem os links exemplificando cada parágrafo acima, nada adianta ler sem ouvir.







OBS: Tudo que está escrito aqui é um hiper resumo e convém buscar por conta própria muitíssimas outras informações a respeito de cada parágrafo. Formular e responder questões, aprofundar o assunto, ir até as fontes e ampliar o conteúdo lido; é impossível abarcar todas as relações entre os fatos que aconteceram num blog, e aliás, o que mais sinceramente me interessa é que a partir disso vocês busquem e construam cada um a sua versão da história do Rock. Pedra que rola não cria limo!

                                                                                    Edinei Fábio de Vale (Funxo)